COMIDA PARA O CORPO... COMIDA PARA A ALMA...

Kay Sacapetta é uma Médica Legista chefe do departamento de Medicina Legal do distrito de Virgínia (Washington). De descendência italiana, Kay adora cozinhar e o faz muito bem. Ela cozinha quando está triste... cozinha quando está feliz... cozinha quando precisa concatenar os pensamentos a respeito de alguma investigação... cozinha quando precisa refletir... cozinha para fazer um mimo para a sobrinha Lucy... cozinha para acalmar os ânimos de seu melhor amigo, o agitado Tenente Marino.

Mas aí vc me pergunta: 'Sora... Quem é Kay Sacapetta, pelamordedeus?!?!?'

Kay é a personagem mais famosa dos livros de suspense policial da autora americana Patricia Cornwell. Tão famosa, que Patrícia não só escreveu toda uma série de livros com Kay como personagem principal, como também já escreveu dois livros com as receitas da médica.

Sendo ela mesma uma gourmet, Patricia Cornwell explica na introdução de 'Food To Die For' sua relação com o mundo mágico da comida.

Eu tenho que confessar... eu tomei aqui uma liberdade poética. Não só traduzi o texto de Patricia, mas também adaptei alguns trechos dele à MINHA relação com a gastronomia.

Caso vc queira ver o texto original, clique no título do livro.

'A Comida tem vários significados para mim, além, é claro, daquele óbvio de 'matar a fome'. Ela é calor, calma e aconchego.

Sempre achei que cozinhar tem a ver com bruxaria... magia... alquimia... transmissão de energia. A essência de uma boa gastronomia é a generosidade. Não necessariamente no tamanho das porções servidas, mas sim no preencher a vida dos outros com um pouquinho de vc mesmo.

Quando eu cozinho para amigos e para família - e até mesmo quando eu invento algo para mim mesma - eu tento preencher pontos 'famintos' tanto no corpo como na alma. Quando eu convido pessoas para minha casa, quero que se sintam felizes e 'servidas' daquela atenção especial. Minha intenção é oferecer um pequeno 'mimo' quando digo: "Quem quer ser minha cobaia gastronômica?"

Quando volto de algum tempo fora, não consigo me sentir 'em casa' enquanto não abasteço a geladeira e convido alguns amigos para alguma orgia alimentar.

Cozinho de acordo com minhas necessidades, quer seja para criar um clima especial qualquer ou para suprir uma energia da qual algum amigo ou familiar precise.

Gosto de cozinhar meio que sem fórmulas. Para o que quer que eu faça, não há regras. O resultado final justifica as loucuras do meio. Cozinho meio que intuitivamente, e às vezes até de uma forma nada ortodoxa. Sempre tive um 'feeling' para saber qual ingrediente combina maravilhosamente com o quê. Consigo imaginar qual deles 'se dá' melhor com outro. E o resto da relação desenvolve-se por si só. Muitas das minhas especialidades, como minha Torta Alemã, nunca sai exatamente igual a anterior. Cada uma tem sua personalidade própria, sua marca registrada única.

Agora, um porém... Meu cuidado e carinho se estendem à escolha dos 'parceiros' nesta aventura gastronômica. Na qualidade dos ingredientes escolhidos, descansa meu sucesso ou meu fracasso. Sou exigente ao escolher aquele azeite extra-virgem, ou mesmo aquelas bolinhas de muzzarela de búfala. Não desisto da empreitada enquanto não achar tomates, verduras, e ervas fresquinhos. Não deixo o cansaço, o tempo ou a falta dele me desviar de meu objetivo.

Até mesmo porque, se vc está cozinhando para 'queridos', vale a pena gastar um pouquinho mais, quer seja do seu dinheiro ou do seu tempo. Afinal, o que vc oferece está diretamente relacionado ao que vc recebe!'
Traduzido e Adaptado por (e para) mim, da introdução de
"Food to Die For : Secrets from Kay Scarpetta's Kitchen"
de Patrícia Cornwell

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