por Tatiana Sabadini
"Meu nome é Carolina e sou uma apaixonada pela literatura sem restrições e preconceitos. Encontrei o livro no provador de roupa do shopping. E foi o momento mais especial do meu dia. Adorei a ideia e com certeza continuarei a corrente." A mensagem da jovem vendedora de uma loja de departamento, enviada na noite de 16 de maio, não deixava dúvidas: ela tinha encontrado um dos 10 livros que foram deixados pela equipe de reportagem da Revista em diferentes pontos de Brasília. Na primeira página de cada um deles, o recado "Este livro é livre" e um e-mail para contato.
Mesmo sem saber, ela tinha acabado de participar de um movimento mundial que pretende transformar o mundo em uma grande biblioteca. O conhecimento é transportado em vez de ficar preso a uma prateleira. Foram deixados livros no banco de um parque infantil, no canto da escada de uma universidade, na sala de espera do aeroporto, na cadeira de uma lanchonete, no meio de um shopping em uma noite de sábado movimentada e no provador de uma loja. Queríamos saber se ao libertar um livro, esquecê-lo intencionalmente em algum lugar para ser encontrado por um novo leitor, traria algum resultado. A mensagem de Carolina comprovou que sim.
SEM FRONTEIRAS
A idéia surgiu nos Estados Unidos, em 2001, e o objetivo é deixar o livro em um local público para ser descoberto por um novo leitor. O que ocorre depois é puro destino. Ron Hornbaker e a mulher, Kaori, inspiraram-se em um site que registrava máquinas fotográficas descartáveis encontradas na rua. Ele pensou em fazer o mesmo, só que com uma coisa mais democrática e barata. Olhou para sua prateleira de livros e não pensou mais. Em pouco tempo, o site do movimento chamado Bookcrossing estava no ar. Hoje, a contabilidade de livros libertados mundo afora cresce a cada dia. São mais de 5 milhões de livros em circulação e cerca de 800 mil seguidores.
Soraya Lacerda começou libertando um livro.
Hoje, anda com o porta-malas cheio: “O objetivo é dividir conhecimento”
A brasiliense Soraya Lacerda, 42 anos, faz parte desse grupo. Ela descobriu o bookcrossing ao visitar um blog. A bibliotecária não perdeu tempo. Separou alguns livros e se cadastrou como membro do movimento. No site, é possível imprimir uma etiqueta para identificar o livro libertado. Depois, quem achar o livro tem a opção de informar onde o encontrou e continuar com o ciclo. "É legal acompanhar por onde o livro está passando, mas vale a pena também deixar por deixar mesmo, porque o objetivo é dividir conhecimento com o outro", afirma a bibliotecária. O primeiro livro libertado por Soraya foi O retrato íntimo de Madame Shakespeare, de Robert Nye, deixado em um café de um shopping no ano passado. Agora, ela carrega um acervo dentro do porta-malas do carro. Sempre que lembra, deixa um exemplar por aí e espera que ele inspire outros leitores. "A contribuição de um livro acaba depois que você o termina de ler, então é melhor deixá-lo livre para circular pelo mundo", diz.
No Brasil, um outro projeto surgiu inspirado no modelo americano, o Livro livre. Depois de conversar com uma funcionária de uma biblioteca e descobrir que eles tinham livros mofando no porão, Pedro Markun, coordenador do movimento cultural, achou que tinha alguma coisa errada. "Vi que o problema não era falta de livro, era falta de distribuição." A melhor alternativa era "tropicalizar o bookcrossing", como ele mesmo define. O site, produzido em São Paulo, foi lançado no ano passado e quase 4 mil livros, distribuídos por desconhecidos. Para Markun, libertar um livro é entrar em uma outra dimensão, criar uma outra história por trás daquela que é descoberta e lida pelo leitor. Para quem não quer simplesmente deixar um exemplar para ser encontrado, ele aconselha entregar para um desconhecido e explicar que se trata de uma corrente de leitura e o objetivo é passar adiante. "O propósito de tudo isso é que o livro não fique na prateleira juntando poeira. Se a pessoa também não quiser dar o livro pode muito bem emprestar para o amigo", comenta.
DICAS PARA LIBERTAR UM LIVRO
1. Você não sabe onde deixar? Seja criativo! Deixe na cadeira de um restaurante, no sofá do café, no balcão da padaria, no banco do ônibus, em cima do caixa eletrônico, na poltrona do avião, em uma praça ou no balcão de um museu. As possibilidades são infinitas. Passe longe das livrarias e bibliotecas porque seu livro pode ser confundido e se perder entre outros.
2. Tente ser o mais discreto possível na hora de libertar um livro. O objetivo é criar surpresa para quem conseguir encontrá-lo. É preciso ajudar o destino, não coloque o livro em lugares de difícil acesso ou onde seja impossível de ser encontrado.
3. Quer ter a chance de saber se alguém encontrou o livro? Você pode registrá-lo em dois sites, o internacional www.bookcrossing.com, ou o nacional www.livrolivre.art.br. As duas organizações têm etiquetas que devem ser coladas no livro com instruções para quem encontrá-lo. (...)
(continua na Revista do Correio)
Foto: José Varella/CB/D.A. Press
E quem me entregou foi ela.
6 Pitacos:
Amei!! E se essa combinação de palavras é possível, amei muito!! rs
Já salvei a página no favoritos (pq já tô indo pra casa) e vou acessar amanhã, sem falta!
Beijocas!
Brigadinha, Thaty!!
Bjs procê, pros homens da sua vida e pra Alice.
MUITO INTERESSANTE, DESCONHECIA.
VC TÁ MUITO BEM NA FOTO E...
PARABÉNS TBM PELO GESTO.
Brigadinha, Lucia!
minina!
não foi aí em Brasília que um caboclo, dono de um sebo, mandou um funcionário sair para tentar achar livros recém libertos e levar para a loja para tentar vendê-los?
mas acho essa idéia ótima. O único problema é que só quero libertar uns livros chatos da Dê, e ela quer libertar uns meus, nunca chegamos a um acordo...
beijins.
Eu ein?!?
Tem gente louca de tudo quanto é jeito neste mundo, né?!
Sdds do6!
Xro...
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