FILME DA VEZ - CONSTANTINE



Ontem fui assistir a CONSTANTINE e, podem falar o que for, mas gostei muito do filme!! Constantine é baseado no quadrinho 'Hellblazer' de Alan Moore - do qual só conheço a sinopse (apesar de devorar quadrinhos deste tipo), devo confessar. O que fez com que muitos fãs do comic book se decepcionassem com o filme. Não vou me enveredar por aí. Mas gente... o filme foi B-A-S-E-A-D-O no gibi, for christsake! E eu particularmente acho que, dentro dessa proposta, o filme até que se sai muuuito bem!

O filme não levou o nome de 'Hellblazer' para não ser confundido com a trilogiade terror 'Hellraiser'. Constantine, então, vem do nome do personagem principal, John Constantine. John é um personagem literalmente maldito. Capaz de ver o sobrenatural desde sua a infância, e por isso foi internado por seus pais e submetido a vários tratamentos psiquiátricos, inclusive terapia de choque. Com todo este tormento não demorou muito para que John resolvesse dar cabo deste sofrimento, e da própria vida. Só que nem tudo saiu como ele planejou e conforme o catolicismo prega sua alma foi parar no Inferno, onde ficou apenas por alguns minutos (para ele, uma eternidade), até que ele fosse ressuscitado pelos médicos. Minutos estes mais que suficientes para John compreender que suas visões eram reais. Depois do ocorrido ele passou a dedicar a vida à eliminação dos demônios que andam por aí, na esperança de, com isso, comprar a redenção. Principalmente agora, que sabe muito bem onde sua alma vai parar! Afinal, suicídio é um pecado para o qual não há perdão e, com isso nosso anti-herói, não importa o que faça, irá encontrar o próprio Lúcifer depois de morrer – algo que não deverá demorar muito tempo, já que ele acaba de receber o diagnóstico de um câncer de pulmão irreversível.

O filme retrata John Constantine como o típico anti-herói, cuja característica principal é o desprendimento e a frieza com que lida com tudo a sua volta – algo que fica claro em sua primeira conversa com Angie (Rachel Weisz). Aliás aspecto esse que Keanu Reeves consegue reforçar com a atuação que lhe é característica. Mas não se enganem... não vejam aqui uma crítica mordaz. Não tenho o que reclamar da atuação de 'Neo'. Até mesmo porque, é sempre bom, pra mim, ver sua carinha de bebê e suas perninhas tortas. Keanu, ao meu ver, peca apenas ao receber a notícia de seu câncer de uma forma talvez um pouco fria demais. E também ao se despir de sua fachada fria e cética, de uma hora pra outra, no último quarto do filme.

O elenco está excelente. Rachel Weisz consegue passar todas as dúvidas e angústias de seu personagem. Tilda Swinton dá um show no papel do andrógino anjo Gabriel. E até mesmo Gavin Rossdale (vocalista da banda Bush e marido de Gwen 'No Doubt' Stefani) dá conta de seu personagem, o vilão Balthazar.

De resto... com um roteiro bem amarrado (apesar de um furo aqui, outro ali), destaco a fotografia de Philippe Rousselot que é de tirar o fôlego, com suas cores apagadas e em tom envelhecido, o que dá um clima melancólico à narrativa. Mas minha 'palma de ouro' vai mesmo é para a direção do estreante Francis Lawrence. Dirigindo pela primeira vez para a 'telona', Lawrence traz pro filme a sua experiência na 'telinha' tendo dirigido mais de 70 videoclipes. E, aí sim, ele consegue fazer a relação com os quadrinhos, criando planos de tirar o fôlego (a cena do suicídio da irmã gêmea) e dominando com maestria a composição, a perspectiva e os enquadramentos inclinados (a cena inicial em que Constantine sai do taxi, e a cena do exorcismo com o cigarro aceso em 1º plano, por exemplo).
Resumindo... para quem vai ao cinema para apreciar realmente a ARTE de fazer filme, Constantine é um prato cheio!!!

Ah!! Ia esquecendo!!! Vejam até o final, viu! E quando digo 'final' é até todas as letrinhas subirem!!! Tem um stinger (cena pós-créditos)!

Bjs exorcizados, aqui da sua cine-olheira...

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