Cine-comichão generalizado! E lá fomos nós: eu, Nani e Vivi, assitir correndo!
O filme é tão delicioso quanto o livro, ou quanto a comida exibida nele! E não só com isso vc vai se identificar! Principalmente se for mulher... balzaquiana... e blogueira...
Eu tinha até começado a rascunhar um post gigantesco sobre todas estas referências mas daí, ontem de manhã, me deparei com o belíssimo texto escrito pela Fal. Um texto PPP, sabe? Perfeito, preciso e poético em todas as palavras! Quotei ele aí abaixo, na íntegra, pois é exatamente o que eu estava tentando dizer. Faço minhas as palavras dela.
Se você me pedir pra resumir a história (e se você não pedir, vou fazer isso do mesmo jeito), digo que é sobre uma secretária que, no começo dos anos 2000, resolve fazer um blog no qual contará suas experiências durante o ano em que faz as 524 receitas do livro Dominando a Arte da Culinária Francesa (Mastering the Art of French Cooking), de Julia Child. Essa experiência virou um livro. E o livro virou um filme.
Mas a história é, ao mesmo tempo, tão mais, que um texto só não dá conta. A história fala sobre ter coragem sempre, desistir todos os dias, famílias complicadas, casamentos felizes, lagostas vivas na panela, crises de nervos no chão da cozinha, blogs, seus leitores de blog, patos costurados, taças bonitas, roupas dos anos 50, cidades lindas, cidades horrorosas, carreiras que não vão pra lugar nenhum, carreiras que deslancham, escolhas e decisões – certas, erradas, dolorosas, ou ruins, muito ruins. Você se identificou? Seja bem-vindo.
E no filme, dum jeito muito mais bonito e claro do que no livro (e dói meu coração falar que alguma coisa em algum filme é melhor que num livro – seja ele qual for), a vida e o projeto de Julie (a garota dos anos 2000) é entremeada pela vida de Julia Child (trazida de volta à vida pela monumental Meryl Streep, impressionante no papel ), uma americana de mais de 1,80 m que, depois de trabalhar para o governo americano durante a Segunda Guerra, casa com o amor de sua vida e se muda para Paris (tem um detalhe engraçado que no livro fica mais... explicadinho que no filme: Paris era toda feita para mulheres de 1,50m, e a pobre Julia vive curvada e com dor nas costas. Sem alarde e sem fazer carnaval, a Meryl Steep passa o filme todo com ‘a mão nos quartos’. Ficou muito bem feito.). Em Paris ela descobre sua vocação, aprende a cozinhar, vai dar aulas de culinária e acaba se envolvendo no projeto dum livro. Todas as gracinhas que você vê a Nigella fazendo hoje, Child fez antes e melhor. Ela mudou a nossa relação com a comida, com escrever sobre comida, com o ato de comer e, na tela da televisão americana, ela foi um soprinho de ar fresco e diversão na caretice do comecim da década de 60. Ela foi mesmo muito importante. Ela é.
Para mim, o golpe de mestre do filme, foi ter mesclado o livro da blogueira Julie Powell com cenas tocantes da vida de Julia Child, tecendo assim uma biografiazinha ligeira, leve, engraçada e merylstreepisada da cozinheira.
As pessoas vão se apaixonar pelo filme por motivos diferentes. Vi um filme num grupo pequeno, delicado oferecimento da Sony pra divulgar o danado. A maior parte das pessoas dali eu conhecia da vida civil, não só da tela do computador, e dava pra sacar que a Isabel ria mais do que a Carina em determinadas partes, que algumas pessoas ficavam mais animadas do que outras com a quantidade de manteiga que Julie e Julia colocavam na comida e que minha mãe gemia pelos sapatos o tempo todo (Natália, mana, nós temos que ver juntas. Mana, as roupas dos anos 50 da Julia, as roupas retrô da Julie, eu só pensava em você. E O SAPATO que a Julia usa na última cena, MANA, eu só pensava em você MESMO).
Fiquei com um nó na garganta o tempo todo, durante toda a exibição. Apesar de adorar comida e venerar manteiga e querer todos aqueles sapatos, o que me fez morrer pelo filme foi o fato de que eu já tive um amor como o da Julia. Um homem meigo e engraçadíssimo, que apoiava toda e qualquer maluquice que eu inventasse, que apoiava dum jeito fora do normal qualquer esboço (e sempre foi só um esboço) de talento que eu tivesse e que botava uma fé descomunal em mim. Stanley Tucci na pele de Paul Child, o marido de Julia Child, está comovente. Mas sentado ao meu lado estava o Fernando Weno, cool até a medula e caso você não o conheça, um tremendo artista, e eu não podia dar vexame. Então, em minha defesa, quero declarar que não chorei. Muito. Bom, eu não solucei. Não funguei. Não assoei o nariz na lapela da camisa dele, o que se tratando de mim é um assombro de boa educação e comedimento. Eu estava lá fingindo que também sou cool e muderna. Eu não engano ninguém, nós sabemos, mas eu tento. Tento muito. De modos que, na medida do que me foi possível, quase não chorei.
Fazia um tempão que a vida me devia um filme assim.
Ah, e tão importante quanto todo o resto 1: Meryl Streep no papel de Julia Child está maior do que a vida. Ela vai ser indicada ao Oscar de novo. E se os arautos do apocalipse tiverem razão, e o filme sobre a vida do Loola for a indicação a filme estranja, creiam, só a Meryl Streep salvará nossa noite
Tão importante quanto todo o resto 2: quem não foi ver o filme conosco perdeu a Célia de aplique, salto, batom cor de uva e com quase todo o ouro que já foi garimpado no planeta pendurado naquele corpo bem torneado. Célia abalou
Eu vou estar aqui no Drops durante um mês, convidada pela Sony, falando do filme, da M. Streep, do livro, das receitas, da manteiga, da coragem descomunal que a pessoa tem que ter pra jogar lagostas vivas na água fervendo, da vida e, claro, de sapatos. Então, oi.
Ah! E quando for assistir ao filme, vá de estômago forradinho, pois não importa a hora que vc vai sair do cinema; você vai querer sair dali direto pr'um supermercado 24h!
Eu fui!
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